O OBCECADO: romance - Roy Harvey (José Ferreira Marques)


Harvey, Roy (pseud.) 
- O OBCECADO: romance
Lisboa: [s.n., D.L. 1968] ( Lisboa : -- Tip. Leandro).
213, [2] p. ; 19 cm - Brochado.
Capa de Maria do Céu Guimarães e Castro.
Roy Harvey era um dos pseudónimos de José Ferreira Marques (1921-2003), sendo os outros Sum Marky e Louis Rodolfo.
Muito bom exemplar, por abrir.
1ª edição
€9.00
Iva e portes incluídos.

Obsessão
Incansáveis mocetões de um metro e noventa e estonteantes louras, morenas e ruivas, naturalmente insaciáveis, dedicam-se a praticar sexo fácil em novelas com sugestivos títulos como O Insaciável, O Obcecado e O Violador. Publicados em 1965, eram livros sem editora, escritos por Roy Harvey e apresentados por Sum Marky, pseudónimos de José Ferreira Marques (1921-2003), autor de outras prosas light da colecção, branco nascido em São Tomé e autor de um apreciado Vila Flogá, de 1963, libelo acusatório do colonialismo na antiga colónia portuguesa. Tanta clandestinidade servia uma literatura popular, claramente apontada à líbido masculina e ao mito, tão excitante quanto assustador, da voracidade sexual feminina. Acautelando o olho vigilante da censura, Sum Marky prefaciou os três volumes nas exíguas badanas, exaltando o proveitoso exemplo destes pedaços sórdidos de uma América corrupta, racista e depravada. Nas capas dos três livros, Maria do Céu Guimarães e Castro (1930-), mulher de Ferreira Marques, desenhou capitosas beldades em poses sugestivas fazendo tábua rasa das leis da perspetiva, ousando enquadramentos a que só mão virtuosa se atreveria. Se o erotismo ingénuo da prosa e o traço amador das louras não nos provoca particular entusiasmo sensorial, saliente-se a competência geral do design, da composição à paleta cromática, com fundos intensamente vermelhos, pontuados por constrastados verdes e violetas ou complementados com sedutores tons de carne. Os sessenta foram anos gloriosos da ilustração editorial portuguesa. Virtuosos designers, pintores e arquitetos esbanjaram talento em milhares de livros de editoras de referência como a Portugália, a Ulisseia, a Estúdios Cor e a Livros do Brasil. As suas ilustrações são reconhecidas pela marca pessoal, pelo traço sofisticado, a perspetiva disciplinada, sinais de uma erudição alicerçada nos movimentos estéticos do seu tempo e de um profundo entendimento das técnicas de impressão. Mas a rudeza e ingenuidade das capas de Maria do Céu, são também uma outra metáfora gráfica e ganham uma modernidade surpreendente, agora que o desenho informal e descritivo voltou à ilustração.
https://almanaquesilva.wordpress.com/2012/08/28/obsessao/
Entrevista com o escritor:
https://www.youtube.com/watch?v=6MVkJ3T5RUU