A ARTE EM MOÇAMBIQUE: a arte a a natureza em Moçambique - Alberto Feliciano Marques Pereira






Pereira, Alberto Feliciano Marques 
- A ARTE EM MOÇAMBIQUE: 
a arte a a natureza em Moçambique
Lisboa: edição do autor, 1966.
XLVIII-559-IV p.; il.; 35 cm.
Encadernação editorial; lombada ligeiramente descolorida por exposição solar, menos do que aparenta na foto; miolo limpo.
Edição bilingue português-inglês, sendo a versão em inglês do Prof. Dr. Joaquim da Silva Godinho.
Obra sobre arquitectura civil, militar e religiosa, arte pré-histórica, arte nativa e arte colonial.
Profusamente ilustrado a preto e a cor, nas páginas de texto e em folhas à parte.
Bom exemplar.
€95.00
Iva e portes incluídos.

Alberto Feliciano Marques Pereira Júnior nasceu a 18 de Agosto de 1908 em Goa, primeiro filho de Alberto Feliciano Marques Pereira e de Emília da Conceição Prazeres.
Seu Pai, Alberto Feliciano Marques Pereira (1866-1936) nasce e é baptizado em Macau mas aos 4 anos vai para Lisboa onde faz os seus estudos até à entrada na Escola do Exército. Em 1886, segue para Angola como ajudante de campo do Governador-geral, Guilherme Capelo. Em 1893, é nomeado vice-cônsul de Portugal no estado independente do Congo. Em finais de 1893, é transferido para a Índia, como professor de língua e literatura inglesa do Liceu Nacional de Nova Goa. Em 1919 é nomeado professor do Liceu Central de Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique. Regressa à metrópole em 1927, doente e incapacitado, vindo a falecer em 1936, aos 70 anos, com o posto de General.
A partir da data de seu nascimento, em 1908, até ao regresso da família à metrópole, em 1927, Alberto Feliciano Marques Pereira Júnior acompanha o itinerário de vida de seu pai. Nascido em Goa, ali permanece até 1919, quando o pai vai para Lourenço Marques. Ali faz os seus estudos e passa a sua adolescência, entre os 11 e os 19 anos. Trabalha nos Correios de Moçambique, para ajudar o orçamento familiar, e assim aprofunda o contacto com a terra africana que virá sempre procurar reviver no futuro, alargando-o às terras onde ele próprio nasceu ou viveram os seus antepassados: à Índia que nunca esqueceu; a Macau, onde nasceu seu Pai; a S. Tomé e Príncipe e a Timor.
No regresso da família a Lisboa, Alberto Feliciano Marques Pereira Júnior inicia os seus estudos superiores. Frequenta o Curso Geral de Engenharia no Instituto Superior Técnico, o Curso da Arma de Artilharia na Escola do Exército, o Curso de Professor de Educação Física, no Instituto Nacional de Educação Física, e o Curso da Escola Superior Colonial, todos concluindo com êxito.
No decurso da sua carreira militar, foi comandante do corpo expedicionário que foi destacado para os Açores durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1946, é nomeado Professor de Educação Física na Escola Superior Colonial - posteriormente designada como Instituto de Estudos Ultramarinos e, ainda, Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP) - tendo-lhe sido autorizada a acumulação de funções com a docência no Instituto Nacional de Educação Física (INEF, depois ISEF e actual Faculdade de Motricidade Humana).
Em maio de 1953, foi averbada a sua passagem à situação de reserva.
Entre 1942 e 1966, publica inúmeros trabalhos resultantes da sua actividade profissional, como professor de Educação Física, matéria em cujo desenvolvimento - em conjunto com seu irmão Celestino Marques Pereira - foi pioneiro em Portugal.
Ministra múltiplas acções de formação, dá e participa em conferências e organiza iniciativas para a promoção do estudo e da prática da Educação Física, da Ginástica e do Campismo, em Portugal e no estrangeiro.
Esta actividade profissional, inscrita na tradição do serviço público na sua mais lata acepção, leva-o também às partes do Mundo onde os portugueses tinham chegado e ficado, tal como acontecera com os seus antepassados.
As suas múltiplas viagens destinavam-se a cumprir calendários profissionais de formação mas também a conhecer e a relatar e registar o que via, através das suas fotografias e dos seus livros.
Fotógrafo notável, sabia reunir à precisão da técnica a faculdade de surpreender a realidade implícita do observado.
Foi assim que nasceu a maioria dos livros que publicou e os que deixou inacabados: fotografava, colhia depoimentos, estudava a terra e as gentes e elaborava e compunha os seus textos.
Para além da sua actividade profissional como docente em Educação Física, da sua investigação antropológica e cultural, Alberto Feliciano Marques Pereira Júnior era alguém que via na graça da Fé (Católica) uma razão de vida.
Inscrevem-se nesta sua faceta, obras como «Por Terras de Cristo», «Caminhos da Terra Santa» e as que deixou inacabadas sobre o culto mariano no Mundo e a História da Capela de Nossa Senhora da Saúde, em Lisboa.
Também no seu livro «Arte e Natureza em Moçambique», publicado em 1966, no que deixou inacabado sobre S. Tomé e Príncipe ou naqueles que apenas projectou sobre Timor e Macau (e do qual restou um valioso espólio fotográfico) se revela um particular cuidado no tratamento do tema religioso.
Na sequência da perda das possessões portuguesas na Índia e da sua bem-amada terra-natal, Goa, e marcado pela revolta pessoal, publica a obra «Índia Portuguesa - Penhores do seu resgate».
Poeta, como seu pai, publicou igualmente alguma poesia.
Alberto Feliciano Marques Pereira Júnior faleceu prematuramente, com 61 anos, em finais de 1969.
http://arquivo.presidencia.pt/details?id=36525