FEIRAS E PRESÍDIOS: esboço de interpretação materialista da colonização de Angola - Eugénio Ferreira
Ferreira, Eugénio
- FEIRAS E PRESÍDIOS:
esboço de interpretação materialista da colonização de Angola,
Colecção Estudos. Autores Angolanos nº 1,
Lisboa: Edições 70, 1979.
94, [5] p. ; 22 cm - Brochado.
«Eugénio Ferreira, de nacionalidade angolana, nasceu no Funchal a 21 de Março de 1906.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, desenvolveu desde a juventude uma intensa actividade jornalística e de resistência ao fascismo português.
Fixou-se em Angola em 1943 e trabalhou, sucessivamente, como dirigente empresarial, professor do liceu e advogado.
Nesta qualidade, defendeu numerosos nacionalistas angolanos deportados pelo regime colonial para o campo de concentração do Tarrafal.
Foi presidente da Sociedade Cultural de Angola e dirigiu a revista Cultura.
É autor de diversas obras, entre as quais O Amanuense Belmiro e Outros Romances do Brasil, A Crítica Neo-Realista e Causas Sociais da Obrigação Jurídica.
Actualmente é juiz da Relação de Luanda e presidente do Conselho Fiscal da União dos Escritores Angolanos.» - da capa.
A primeira edição foi publicada em Luanda (1958),
Esta edição (segunda) foi realizada pelas Edições 70 para a União dos Escritores Angolanos.
Houve uma terceira edição (1985) também publicada em Luanda.
Bom exemplar.
€8.00 Reservado
Iva e portes incluídos.
EUGÉNIO FERREIRA (1906 – 1998) *
Cidadão combatente na Resistência antifascista e anticolonialista em Portugal, viveu a maior parte da sua vida em Angola, onde exerceu a advocacia e defendeu inúmeros presos políticos até à Revolução de Abril. Em 1976 recebeu a nacionalidade angolana por “relevantes serviços prestados à luta de libertação nacional” e recebeu o cartão nº 1 da Ordem dos Advogados, sendo o patrono da Ordem. Após a Independência foi nomeado Juiz do Tribunal da Relação de Luanda em 1977 e seu Presidente desde 1981 até 1990. Após esta data, foi integrado como Juiz Conselheiro Jubilado do Tribunal Supremo, passando a dedicar-se em exclusivo à escrita.
Eugénio Bento Ferreira nasceu na Freguesia do Monte, no Funchal, a 21 de Março de 1906.
Até à sua partida para Angola em 1943, cursou Direito em Lisboa, trabalhou sob pseudónimo para a revista “Modas e Bordados” então dirigida por Maria Lamas e a convite desta, por não conseguir arranjar emprego, mas já na Madeira escrevia para o “Renhaunhau” e o “Trabalho e Luta”, acabando por sair da ilha por motivos de ordem política. Enquanto frequentava o curso de Direito em Lisboa, ligou-se à oposição a Salazar tendo ingressado na Maçonaria e chegado a Cavaleiro da Rosa Cruz. Chefiou a Loja Revoltar em Almada, que integrava, em 1936, entre outros, Abílio Mendes, Santos Silva, Agnelo Dias, Manuel João da Palma Carlos, Rodrigues dos Santos e João Bragança.
Não conseguindo emprego em Portugal, partiu para Angola em 1943 onde começou por ser Supervisor do Combate ao Tráfico de Diamantes tendo de imediato sido nomeado para Delegado do Representante da DIAMANG em Angola, de onde acabou por ser “convidado” a sair por se ter casado com uma senhora de origem africana, Maria Áurea Nobre Monteiro em 1947.
Abriu depois consultório de advogado em Luanda, tendo integrado a lista de apoio ao candidato Norton de Matos em 1949. Assumiu a direcção da Sociedade Cultural de Angola dirigindo o boletim “Cultura” até ao seu encerramento pela PIDE em 1962. Em 1958 é o representante do Dr. Arlindo Vicente às eleições presidenciais e após a desistência deste assume a representação do General Humberto Delgado.
Advogado de inúmeros presos políticos angolanos e portugueses desde o primeiro processo intentado contra Américo de Carvalho, Alexandre Dáskalos e outros em 1941. Viu uma proposta de expulsão de Angola decidida por portaria do governador-geral Silvino Silvério Marques – que atingia ainda outro advogado, Antero Abreu e um jornalista Alfredo Bobela-Mota – chumbada pelo Conselho Económico e Social de Angola.
Após a Independência e tendo os escritórios de advogados fechados na sua totalidade em Luanda, é nomeado Juiz do Tribunal da Relação de Luanda em 1977 e seu Presidente em 1981 da mais alta instância judicial angolana até 1990. Após esta data, é integrado como Juiz-Conselheiro Jubilado do Tribunal Supremo, passando a dedicar-se em exclusivo à escrita. Em 1976 recebe a nacionalidade angolano por “relevantes serviços prestados à luta de libertação nacional”, juntamente com figuras como Maria Eugénia da Silva Neto, José Luandino Vieira e Ruth Pfluger Barreto de Lara.
Foi Presidente do Conselho Fiscal da União dos Escritores Angolanos, ensaísta, crítico literário e é considerado o principal responsável pela difusão e formação da primeira geração de jovens angolanos marxistas.
Eugénio Ferreira, que se definia a si próprio como “intrinsecamente português e orgulhosamente angolano” viria a falecer a 3 de Abril de 1998, com 92 anos.
(*) Biografia da autoria de Carlos Sérgio Monteiro Ferreira