FÁTIMA DESMASCARADA: a verdadeira história acerca de Fátima, documentada com provas - João Ilharco



Ilharco, João 
- FÁTIMA DESMASCARADA: 
a verdadeira história acerca de Fátima, 
documentada com provas
Coimbra: edição do autor, 1971.
294, [2] p. : il. ; 21 cm - Brochado.
Bom exemplar.
2ª edição
€12.00 Vendido
Iva e portes incluídos.


FÁTIMA DESMASCARADA: A VERDADE HISTÓRICA ACERCA DE FÁTIMA DOCUMENTADA COM PROVAS
João Ilharco
Edição do autor, João Ilharco, proprietário de uma escola primária e professor, Fátima Desmascarada foi originalmente composto e impresso em Coimbra, na Tipografia Comercial, em meados de 1971, e apresentado como o resultado de uma prolongada investigação sobre a história de Fátima, com o fito de demonstrar a falsidade de todos os «fenómenos sobrenaturais de carácter religioso».
Logo no preâmbulo, sem subterfúgios ou rodeios, João Ilharco assumiu o seu laicismo: «Uma pessoa imparcial, que estude atentamente os acontecimentos de Fátima, chegará à conclusão de que qualquer outro fenómeno religioso, independentemente da época ou do lugar em que se haja desenrolado, tem na história de Fátima uma imagem quase perfeita da sua origem e evolução. Conhecer, portanto, em pormenor, a história de Fátima, desde 1917 até aos nossos dias, é desvendar a forma por que surgem e se expandem as crenças religiosas.»
O livro surge em plena Primavera Marcelista.
Na Assembleia Nacional, mas também na imprensa, debatia-se a revisão constitucional, procurando ampliar tanto quanto possível os direitos, liberdades e garantias individuais.
Objetivos que serão alcançados ainda nesse ano, com a promulgação e publicação em Diário do Governo de vários diplomas, designadamente a Lei n.º 3/71, de 16 de Agosto – que define a «nova redacção de várias disposições da Constituição Política Portuguesa»; a Lei n.º 4/71, de 21 de Agosto – que estabelece «as bases relativas à liberdade religiosa»; e a Lei n.º 5/71, de 5 de Novembro – que fixa as «bases relativas à lei de imprensa».
Natural de Coimbra e republicano, João Ilharco interessou-se pelo caso de Fátima, pois estava convicto de que tinha sido «obra de um pequeno grupo de eclesiásticos, inteligentes e ousados, que tinham contra o regime republicano, implantado em 1910, grandes ressentimentos.»
Na edificação dessa «obra», a imprensa e o livro tinham desempenhado um papel fundamental, pelo que a obra demolidora de João Ilharco foi, sobretudo, suportada na análise desses documentos, a fim de identificar quem os redigiu, de revelar como é que a história foi sendo encadeada ao longo dos anos, e de fixar as suas principais contradições e incongruências.
A fazer fé nos catálogos das bibliotecas e nas notícias, em 1971 foram extraídas mais cinco edições de Fátima Desmascarada. Seis edições em seis meses é um indicador inquestionável do “interesse” que suscitou. No entanto, essa procura não foi fomentada por qualquer campanha publicitária, pelo contrário.
Na imprensa, pelo menos, a publicação de Fátima Desmascarada foi inicialmente ignorada. Só em finais de Outubro de 1971 o livro se tornou notícia, sobretudo na imprensa católica, próxima do regime, primeiro no diário Novidades, depois no semanário A Ordem, e mais tarde na revista Stella. Nessa altura, o livro já somava três ou mais reedições. Mais do que uma reação ao livro, este despertar tardio e concertado parece configurar uma mudança da estratégia de comunicação da Igreja, especialmente dos setores católicos mais arreigados ao culto fatimista.
Foi o Correio de Coimbra, semanário da diocese, que assumiu a responsabilidade de sustentar uma longa campanha para desacreditar o autor de Fátima Desmascarada. Durante meses, o diretor do semanário, o cónego Urbano Duarte, e João Ilharco, ao abrigo do direito de resposta, trocaram acusações, alegações, e apresentaram provas e testemunhos, como num tribunal. Deste exercício continuado ficou por legado o registo de uma história insólita sobre a edição de um livro que pôs em causa o Milagre de Fátima.
No final do ano, e para satisfazer os seus leitores não assinantes, o Correio de Coimbra decidiu reunir e publicar em separata toda a contenda, a que deu o título Desmascarado o autor de «Fátima Desmascarada». Discussão entre o Director do Correio de Coimbra, Urbano Duarte, e João Ilharco. A iniciativa foi anunciada na primeira edição de 1972.
Embora a «discussão» tivesse terminado, o Correio de Coimbra manteve o assunto “vivo” mais algum tempo, com a publicação, em janeiro e fevereiro de 1972, de umas cartas enviadas ao cónego Urbano Duarte por duas figuras que foram envolvidas na polémica: Alberto Vilaça e Mário Braga.
Em resposta, João Ilharco também mandou imprimir uma brochura com a sua defesa: Fátima desmascarada: polémica, editada em Coimbra, nesse mesmo ano de 1972.
Neste breve texto, justificado pelos ataques que o seu livro - "excepcional «best-seller» no acanhado mercado livreiro português" - recebeu de "uns tantos fundibulários",  reitera o que considera terem sido os alicerces e princípios da sua investigação: "superar o desassombro, a certeza de juízos, a seriedade, o escrúpulo e a documentação" na abordagem ao tema de Fátima.
Tanto quanto foi possível averiguar, a restante imprensa manteve-se alheia a este debate.
Quanto muito referiu-se ao livro, como foi o caso do República que a 23 de Outubro de 1971, na rubrica «O que se escreve e o que se lê», assegurada por Alfredo Guisado, deu nota do aparecimento do livro, em termos abonatórios: «O dr. João Ilharco usa de uma impressionante maneira de conduzir o caso com a sua calma e sem pressa demasiada, com o fim de convencer os que pretendem ouvi-lo com a precisa atenção e apresenta provas que convencem os que ainda não estão convencidos. Mas como se costuma dizer, não há mais perigosos cegos do que aqueles que não querem ver.» - BLX