Barreiros, Américo
- A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTOS
DE ANGOLA,
1º e 2º Volume,
Carmona (Angola): 1961.
152, [vii] p.; il.; 22,8 cm - Brochado.
Pequena rúbrica de posse na capa frontal (topo esquerdo); página de rosto com alguns pontos de acidez e com dobra de origem; pequenas e ténues machas de acidez no interior; miolo limpo; as fotos dos corpos das vítimas do livro são muito explícitas; o autor relata os ataques da União dos Povos de Angola (UPA) contra os colonos portugueses, a 15 de março de 1961.
Bom exemplar.
5ª edição
€18.00
Iva e portes incluídos.
(...) A reencenação do fagelo e morte das vítimas nas instalações da Sociedade, expostas sem roupas, sem dignidade e sem vida, fxadas para sempre num estado de brutal crueldade perante o voyeurismo do público, não era vista como nova degradação e humilhação. A existência individual e a noção de privacidade eram preteridas por esta epidemia de fotos que procurava captar a magnitude máxima da agressão, que se queria como apelo às armas.
Exigia o dever patriótico publicar o impublicável, ultrapassando as barreiras que fxavam relações sociais, numa autêntica “banalização do mal”. Uma bolha editorial sem precedentes teve, por isso, lugar em Portugal, inserindo as fotos chocantes em literatura comercial, com tiragens inauditas: A verdade sobre os acontecimentos de Angola, de Américo Barreiros (14 edições); Sangue no Capim, de Reis Ventura (14 edições); Angola 1961, de Amândio César (8 edições); Te Fabric of Terror, de Bernardo Teixeira (5 edições); Angola Heróica, de Artur Maciel (3 edições), entre tantos, com profusos extratextos de fotografas, ampliadas, repetidas, e sempre repletas de minuciosas descrições do terror. As imagens mórbidas de corpos nus e cabeças decapitadas, vísceras sangrentas e entumescidas, lacerações profundas e genitália mutilada, tornam-se ubíquas, e o excepcional institui-se em norma nacional, até nos livros mais comedidos. É o caso do estudo histórico de Hélio Felgas, Guerra em Angola, e da recolha de reportagens por Almeida Santos, Angola Mártir, cuja monumental capa ampliava a fotografa dos bébés mortos no berço, exibida por Vasco Garin na ONU.(...) - excerto retirado de: "Angola 1961, o horror das imagens" de Afonso Ramos