POEMAS - Pier Paolo Pasolini


Pasolini, Pier Paolo;
Figueiredo, Maria Jorge Vilar de (trad.) 
- POEMAS
Colecção Documenta Poetica, 
Lisboa: Assírio & Alvim, 2005.
505, [6] p. ; 21 cm - Brochado.
Edição bilingue em português e italiano
SINOPSE
Romancista, dramaturgo, poeta e cineasta genial, Pier Paolo Pasolini vê agora grande parte da sua obra poética editada por mão editorial, mais do que autorizada.
Uma excelente tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo que contempla ainda uma introdução do punho do próprio autor, de resto, bem esclarecedora sobre aquilo que neste grosso volume se pode encontrar.
EXCERTOS
"Foi a minha mãe quem me mostrou que a poesia pode ser materialmente escrita, e não apenas lida na escola ("Vítreo é o ar…"). Misteriosamente, um belo dia, a minha mãe mostrou-me um soneto, escrito por ela, em que confessava o seu amor por mim (soneto que, devido, provavelmente, a certas exigências de rima, terminava com as seguintes palavras: "amor, sabes, tenho tanto e tanto" ). Uns dias depois, escrevi os meus primeiros versos, em que falava de "rouxinol" e de "verdura". Creio que, por essa altura, não saberia distinguir um rouxinol de um tentilhão, ou um choupo de um ulmeiro: e aliás, como é evidente, na escola (por obra e graça da senhora Ada Costella, toscana, minha professora naquele inesquecível segundo ano), Petrarca não era lido. Por conseguinte, não sei onde aprendi o código clássico da eleição e da selecção linguísticas. O facto é que, sem me preocupar com a "abundantia cordis" da minha mãe, comecei por ser rigidamente "selectivo" e "electivo".
Desde então, escrevi colecções inteiras de livros de versos: aos treze anos, foi o poema épico (da "Ilíada" a "Os Lusíadas"). Não me esqueci do drama em verso, nem evitei, com a adolescência, o encontro inevitável com Carducci, Pascoli e D’Annunzio, numa fase que começou em Scandiano — no liceu de Reggio Emilia, para onde tinha de me deslocar todos os dias — e terminou em Bolonha, no Liceu Galvani, em 1937, ano em que um professor substituto — Antonio Rinaldi — leu na aula um poema de Rimbaud." - Pier Paolo Pasolini
"Foi a minha mãe quem me mostrou que a poesia pode ser materialmente escrita, e não apenas lida na escola ("Vítreo é o ar…"). Misteriosamente, um belo dia, a minha mãe mostrou-me um soneto, escrito por ela, em que confessava o seu amor por mim (soneto que, devido, provavelmente, a certas exigências de rima, terminava com as seguintes palavras: "amor, sabes, tenho tanto e tanto" ). Uns dias depois, escrevi os meus primeiros versos, em que falava de "rouxinol" e de "verdura". Creio que, por essa altura, não saberia distinguir um rouxinol de um tentilhão, ou um choupo de um ulmeiro: e aliás, como é evidente, na escola (por obra e graça da senhora Ada Costella, toscana, minha professora naquele inesquecível segundo ano), Petrarca não era lido. Por conseguinte, não sei onde aprendi o código clássico da eleição e da selecção linguísticas. O facto é que, sem me preocupar com a "abundantia cordis" da minha mãe, comecei por ser rigidamente "selectivo" e "electivo".
Desde então, escrevi colecções inteiras de livros de versos: aos treze anos, foi o poema épico (da "Ilíada" a "Os Lusíadas"). Não me esqueci do drama em verso, nem evitei, com a adolescência, o encontro inevitável com Carducci, Pascoli e D’Annunzio, numa fase que começou em Scandiano — no liceu de Reggio Emilia, para onde tinha de me deslocar todos os dias — e terminou em Bolonha, no Liceu Galvani, em 1937, ano em que um professor substituto — Antonio Rinaldi — leu na aula um poema de Rimbaud." - Pier Paolo Pasolini
NOTA DO AUTOR
"Os poemas reunidos nesta antologia e incluídos nos volumes que abrangem os treze anos que vão de 1951 até 1964, constituem um bloco coerente e compacto. O que me admira — como se me tivesses alheado deles, o que não é verdade — é um sentimento difuso de tristeza e desânimo: uma tristeza que faz parte da própria língua, que constitui um dos seus elementos, traduzível em quantidade e, em certo sentido, em densidade. O sentimento (quase um direito) de ser infeliz é tão preponderante que ofusca a própria alegria sensual (de que, ali- -ás, o livro está cheio, mas, segundo parece, com um sentimento de culpa) e o idealismo civil. O que continua a surpreender-me, ao reler estes versos, é aperceber-me da enorme inocên- -cia da minha expansividade ao escrevê-los, como se estivesse a escrever para pessoas que só poderiam gostar muito de mim. Agora compreendo o motivo de tanta suspeita e de tanto ódio. "(Pier Paolo Pasolini, 1970, excerto do texto «Ao novo leitor»)
Exemplar novo.
1ª edição
€28.00
Iva e portes íncluidos.

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