AMORES DA CADELA "PURA": confissões da Marquesa de Jácome Correia - Margarida Vitória




Vitória, Margarida; 
Milheiro, Luís (revisor) 
- AMORES DA CADELA "PURA": 
confissões da Marquesa de Jácome Correia
Vol. 1: Confissões
Vol. 2: Memórias da Marquesa de Jácome Correia
Lisboa: Bertrand, 2004.
291 + 188 p. : il. ; 23 cm - Brochados.
SINOPSE
Margarida Victória Borges de Sousa Jácome Correia nasceu em Ponta Delgada, em 31 de Março de 1919, no seio de uma aristocracia e abastada família açoriana. Com uma infância dominada pelos fortes traços do carácter do pai, o Marquês de Jácome Correia, e pela formação ultraconservadora da mãe, Margarida Victória cresceu quase entregue a si própria e viria a prender-se muito cedo a um casamento irremediavelmente condenado. A partir daí a vida de Margarida Victória foi um constante laboratório das mais ímpares experiências humanas, umas envoltas pelo véu de um romantismo exótico, fantástico e cosmopolita, outras eivadas de um entendimento terno e simples, onde o denominador comum residia sempre numa forte cumplicidade e numa natural adesão a espíritos cultos e sensíveis. Margarida Jácome Correia, Margarida Victória, Marquesa de Jacóme Correia ou, simplesmente, para muitos da sua Fajã natal, a marquesinha, soube resistir à força das convenções, dos espartilhos rígidos e das razões preconcebidas.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
"(...) apesar do título e de o livro incluir todos os ingredientes do «fait-divers» (sexo, fortuna, fama, situações rocambulescas), o que importa é a descoberta de um Eu feminino que ousou afirmar-se contra a sua classe, contra a sua família, conta tantas das convenções castradoras e hipócritas de uma sociedade que, mascarada ou não, ainda sobrevive no dito país profundo". - Carlos Bessa, in Actual (Expresso), 18 de Setembro de 2004.
Excelente conjunto.
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MARGARIDA VICTÓRIA BORGES DE SOUSA JÁCOME CORREIA
(...) Detentora de grande beleza, de forte personalidade, e de considerável fortuna familiar, Margarida Vitória Borges de Sousa Jácome Correia, Marquesa de Jácome Correia ou, para o povo da Ilha de S. Miguel, A Marquesinha, era filha de Aires Jácome Correia, marquês de Jácome Correia, e de Dona Joana Chaves Cymbron Borges de Sousa. Cultivou relações com personalidades importantes do meio cultural português, designadamente os escritores Armando Côrtes-Rodrigues, com quem foi casada, Domingos Monteiro, Hernâni Cidade, Natália Correia e Vitorino Nemésio.
A sua vida afetiva, recheada de acidentes por vezes dramáticos, por vezes pitorescos, atingiu contornos escandalosos para os padrões portugueses e sobretudo insulares da época. Foi através de Côrtes-Rodrigues que Margarida Vitória conheceu Vitorino Nemésio, que por ela se apaixonou, vivendo os dois uma relação amorosa de enorme intensidade que durou até à morte de Nemésio e que este registou nos poemas que viria a reunir no livro Caderno de Caligraphia. Encontram-se ecos desta relação nas memórias de Margarida Vitória, o polémico Amores de Cadela «Pura»: confissões, cujo primeiro volume (1976) foi escrito com o apoio de Vitorino Nemésio – e sobretudo no segundo volume, concluído pouco antes da morte da autora e que só viria a ser publicado em 2004. - Roberto Y. Carreiro (blogue.lusofonias.net).

Correia, Margarida Vitória Borges de Sousa Jácome
[N. Ponta Delgada, 31.3.1919 ? m. Lisboa, 21.7.1996] Era filha de Aires Jácome Correia, marquês de Jácome Correia, e de Dona Joana Chaves Cymbron Borges de Sousa. Senhora de grande beleza, de enorme vitalidade, e de uma considerável fortuna familiar, relacionou-se com personalidades importantes do meio cultural português, designadamente os escritores Armando Côrtes-Rodrigues, com quem foi casada, Domingos Monteiro, Hernâni Cidade, Natália Correia e Vitorino Nemésio, tendo desempenhado ao mesmo tempo um papel de relevo na sociedade elegante portuguesa da sua época. Como empresária, foi fundadora de uma empresa de agro-pecuária pioneira na ilha de S. Miguel, a ?Viçor?, que se dedicava ao arroteio de terras, à criação de vitelos e à produção de rações e de forragens para gado, e que acabaria por falir. A sua vida afectiva, de uma grande riqueza humana, foi recheada de acidentes por vezes dramáticos, por vezes pitorescos, frequentemente escandalosos para os padrões portugueses e sobretudo insulares da época, mas sempre fulgurantes: casou ainda muito jovem, contra a vontade paterna, com Albano de Oliveira Azevedo, filho de banqueiro e gerente de uma loja de ferragens em Ponta Delgada, ainda seu parente pelo lado materno, de quem se divorciou ao fim de dez anos ; após o divórcio, a família forçou o seu internamento na clínica psiquiátrica de Prangins, perto de Génève, onde Margarida Vitória conheceu um galã egípcio, Aly Abdel Fatha El Lozy, de Damieth, com quem viria a casar e de quem teve dois filhos, acabando este casamento igualmente em divórcio ; mais tarde, casou-se com Armando Côrtes-Rodrigues, poeta do Orpheu e como ela natural de S. Miguel, de quem também se divorciaria. Durante o período em que viveu no Cairo, Margarida Vitória relacionou-se com o pintor libanês Edmond Soussa, então retratista oficial das princesas do Egipto, com o qual esteve para casar, mais tarde, em Paris, e que a retratou em trajos regionais micaelenses, tocando viola da terra. Foi através de Côrtes-Rodrigues, logo após o casamento com ele, que Margarida Vitória conheceu Vitorino Nemésio, que por ela se apaixonou, vivendo os dois uma relação amorosa de enorme intensidade que durou até à morte de Nemésio em 20 de Fevereiro de 1978, e que este foi registando nos poemas que viria a reunir no livro Caderno de Caligraphia, escritos entre Março de 1973 e Maio de 1977, onde Margarida Vitória é a sua Marga, mas também a Macaca de Fogo, a Poldra, a Cadela, a Marquesi­nha, ou, como natural da ilha de S. Miguel, a Corisca ou a Samiguela; no auge desta extraordinária história de amor, Nemésio chegou a criar, materializando-as em cartões de visita impressos, uma «Sociedade Ludo-Imaginária MARGANÉSIO», e uma outra, «MARGA, ilimitada», dedicada a ?pura ficção? e a ?poesia e novela?. Encontram-se ecos desta relação na obra em que Margarida Vitória registou as suas memórias de vida ? o polémico Amores da cadela pura: confissões, cujo primeiro volume foi escrito com o apoio de Vitorino Nemésio ?, sobretudo no segundo volume, concluído pouco antes da morte da autora e que ainda se mantém inédito. Neste último livro encontram-se dados importantes sobre as relações afectivas de Margarida Vitória num período de decadência física e económica, tendo por fundo o conturbado ambiente político que se viveu em Portugal na sequência do 25 de Abril de 1974, sobretudo na ilha de S. Miguel com o movimento independentista a que de certo modo ? e romanticamente, tal como Nemésio ou Natália ? ela esteve ligada. Faleceu em 1996, arruinada mas sempre bela e sedutora. Luiz Fagundes Duarte (2007) - Enciclopédia Açoriana

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