NAU CAPITÂNIA: Pedro Álvares Cabral: como e com quem começou o Brasil - Walter Galvani


Galvani, Walter 
- NAU CAPITÂNIA: 
Pedro Álvares Cabral: 
como e com quem começou o Brasil
Fora de Colecção nº 156, 
Lisboa: Gradiva, 2000.
325 p., [4] p. il. : il. ; 22 cm - Brochado.
Um Livro e Um Autor
Por Celina Veiga de Oliveira, Professora e Historiadora
É um livro oportuno. Foi escrito no momento certo - pelos vistos pela pessoa certa - e a edição em Portugal saíu no ano certo, já que se comemoram este ano os 500 anos do primeiro encontro luso-brasileiro. Chamo encontro a essa aventura já com cinco séculos porque gosto da palavra: é prática. À Gradiva, que soube ter aquele sentido de oportunidade de "pescar" para Portugal o livro e o autor, os meus parabéns.
É um livro espantoso. Tem solidez histórica, dá garantias de seriedade (basta consultar a bibliografia), ensina sobre o Portugal renascentista, a vida na província, os anos da infância, Lisboa, o rio, a azáfama marítima, as cortes do grande D. João II - el hombre - e de D. Manuel, o carácter dos portugueses, o mar, a viagem de Pedro Álvares Cabral, os pilotos, o domínio científico e tecnológico dos portugueses, Pêro Vaz de Caminha e o seu encantamento pela nova terra achada tão expressivamente registado na sua famosa Carta. O autor soube com mestria condimentar verdade histórica com liberdade ficcionista e beleza de estilo, o que torna o livro interessantíssimo. Quem diz que a história não casa com poesia?
Ah, o mar! Quem me dera estar sofrendo o agitado balanço das ondas, ver o horizonte subir e descer, o longo fio da areia desaparecer e surgir, a montanha a furar o cerco das nuvens, a água, a terra e o céu, tudo a ligar-se, desfazer-se e tornar a crescer, ouvir o guincho desesperado das gaivotas, o brado dos marinheiros dependurados nos mastros e nas cordas.
Este livro resgata a figura de Pedro Álvares Cabral, o navegador português, arquitecto e protagonista do primeiro encontro luso-brasileiro, e por isso também património cultural do Brasil, porque nos diz quem ele foi, os seus momentos de glória e de desencanto, e porque procura esclarecer alguns mistérios da sua vida. E fá-lo com uma grande motivação interior. Obrigada, Walter, é o mínimo que posso dizer como portuguesa.
Mas quem é o autor?
Como Pêro Vaz de Caminha, é um escritor de profissão. E, também como ele, um arguto jornalista, atento aos pormenores que condimentam a escrita. Não deixa de ser curioso o facto de Pêro Vaz de Caminha ter registado com emoção tudo o que observou na chegada à Terra de Vera Cruz. Mal ele sabia quanto estava a ser inovador à luz dos padrões do nosso tempo, um tempo em que a emoção está a alcançar, pela voz autorizada do cientista e escritor António Damásio, o patamar a que legitimamente tinha direito.
Escrever temperando verdade com emoção não deve ser fácil. Mas este prestigiado jornalista e premiado escritor, que se sentiu tão bem ne pele de historiador, fê-lo, provando que a história pode ser construída não abdicando da emoção.
Muito bom exemplar..
1ª edição
€14.00
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MMSARD