Lopes, Fernão;
Coelho, António Borges (ed. lit.);
Strudwick, John Melhuish (il.)
- PAIXÃO E MORTE DO INFANTE D. JOÃO
E D. MARIA TELES,
Colecção Pequeno Formato nº 15,
Porto: Asa, 2002.
43, [5] p. : il. ; 23 cm - Brochado.
SINOPSE
“Senhor, bem vos diz minha senhora, recebei-a vós, pois aqui estais, ca vos não é pasmo nenhum. Ca bem vedes vós que el-rei vosso irmão tomou sua irmã por mulher, e a fez rainha, e tem dela filhos que entendem de herdar o reino. Pois quem vos há-de ter a mal casardes vós com ela, que está bem manceba e mulher de prol e vem de tal linhagem como todos sabem? Demais que a rainha sua irmã vos fará tanto acrescentar em terras e estado por que podeis viver mui honradamente. E vosso padre el-rei dom Pedro desta guisa tomou dona Inês vossa madre e a recebeu a furto e, depois de sua morte, jurou que era sua mulher por vós ficardes lídimo e vosso irmão. Pois não vejo razão por que o deixeis de fazer, salvo por não haver vontade.”
O infante, preso por imaginação e posto mui firme sob jugo do amor, por conjectura das cousas que via, tinha em grão preço e desejava muito as que não apareciam. Em tanto que o fogo da benquerença, aceso em dobrada quantidade, lhe fazia semelhar aquele pouco de espaço que falavam uma mui prolongada noite.
Então, querendo acabar o azo o que a vontade começara, concordaram seus aprazíveis desejos, outorgando ele que a receberia e havia por sua mulher. E foi assim de feito, que a recebeu logo, presente Álvaro d’Antas e outros de que muito fiavam, os quais se logo foram e ele ficou aí.
E satisfazendo um ao desejo do outro, ele se partiu ledo, sem ela ficar triste, muito cedo ante manhã, o mais afastado de fama que se fazer pôde.
Exemplar novo.
1ª edição
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