Freire, Maria da Graça
- O INFERNO ESTÁ MAIS PERTO,
Porto: Livraria Tavares Martins, 1970.
149, [2] p. ; 19 cm - Brochado.
Muito bom exemplar.
1ª edição
€15.00
Iva e portes incluídos.
MARIA DA GRAÇA FREIRE é o pseudónimo de Maria Ribeiro de Oliveira Freire, Escritora, nasceu em Porto de Muge, Freguesia de Valada (Cartaxo), a 01-10-1916, e faleceu em Lisboa, a 15-05-1993. Nascida Maria Ribeiro de Oliveira Freire, filha de João Ribeiro de Oliveira Freire (Chefe de Conservação da Hidráulica Agrícola do Ribatejo e republicano ligado a grupos socialistas) e de Maria Emília da Cunha Freire, contista infantil e artesã; irmã da poeta e jornalista cultural Natércia Freire . A sua família tem raiz no Cartaxo, e descende do Médico e herói da Restauração João Pinto Ribeiro.
Tal como o pai, também Maria da Graça herdou na sua personalidade uma inquietude e denúncia que se refletem na sua obra. Depois de uma tuberculose óssea que a deixou à morte, entre 1927 e 1929, habitou em Lisboa (Campo de Ourique) com a mãe e irmãs, após a morte do pai, preparando- -se para ingressar na Faculdade de Letras em Clássicas (ingresso que nunca chegou a concretizar-se). Em 1936, após casamento com Cláudio Azambuja Martins, partiu para Angola, onde ficou a residir até 1943-1944; testemunho (romance autobiográfico) deste período é o seu livro A Primeira Viagem (1952, Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências).
Maria da Graça Freire fez parte de uma geração de escritoras revelada após a Segunda Guerra Mundial e em que António José Saraiva e Óscar Lopes integram nomes como Patrícia Joyce, Celeste de Andrade, Ilse Losa, Agustina Bessa-Luís ou Fernanda Botelho.
Tendo partido para Angola após estudos feitos em Lisboa, em 1937, e tendo aí vivido durante vários anos, a presença de África na sua produção literária é marcante, nomeadamente nos romances A Primeira Viagem, (Prémio Ricardo Malheiros, 4ª edição, 1952) E a Terra Foi-lhe Negada, (Prémio Eça de Queirós, 2ª edição, 1958). Em ambos os livros é patente o tratamento realista na distância que separa raças e culturas. Em A Primeira Viagem, o encanto da terra africana não consegue sobrepor-se à luta dos pequenos funcionários das colónias pela sobrevivência, à discriminação que se instala, para além da raça, nas próprias relações de classe entre colonos. Esta capacidade de observação crítica, ainda que sempre do ponto de vista do colonizador, estende-se a A Terra Foi-lhe Negada, onde um negro «branco», crescido e educado na metrópole, se descobre subitamente repelido por ambas as pátrias, por ambas as culturas, na sequência de um casamento misto.
A principal vertente na obra da autora, que marca toda a sua produção, prende-se no entanto com uma análise da situação e do papel da mulher na sociedade burguesa da época. A obra de Maria da Graça Freire reflecte uma condição existencial feminina que se pode resumir numa irredutível solidão, produto de códigos comportamentais de um mundo masculino e cuja única saída relativa, a única esperança, reside numa maternidade ardentemente desejada. Assim, as heroínas das suas histórias, desde Quando as Vozes se Calam (o seu primeiro romance, datado de 1945), são em geral mulheres mal amadas de corpo e alma, repudiadas, trocadas por «outra» ou por «outras». Presas de uma moral católica e de um amor não correspondido que lhes impõem uma inevitável aceitação de todas as dores e dificuldades, têm na maternidade a única forma de resistência passiva, o consolo cuja negação (como na Mónica de A Primeira Viagem) se transforma, mais do que num martírio, na condenação a uma solidão sem apelo. Tem colaboração nas revistas Bandarra e Panorama. Usou o pseudónimo Maria da Graça Azambuja até à 4ª edição de A Primeira Viagem.
Obras principais: Quando as Vozes se Calam, (1945); A Primeira Viagem, (s/d); A Terra Foi-lhe Negada, (s/d); As Estrelas Moram Longe, (contos, 1947); Joana Moledo, (romance, 1949); Bárbara Casanova, (romance, 1954); Quinta Estação, (1955); O Regresso de Bruno Santiago, (narrativa, 1956); Os Deuses Não Respondem, (contos, 1959); Nós Descemos à Cidade, (novelas, 1960); Talvez Sejam Vagabundos, (romance, 1962); As Noites de Salomão Fortunato, (contos, 1964); O Rio Era Vermelho, (romance, 1967); O Inferno Está Mais Perto, (novelas, 1970, Prémio Nacional de Novelística, 1971); O Amante, (romance, 1976); Inventário, (poemas, 1982). Ensaio: Evocações de Rosalia de Castro, (conferência, 1954); Mariana Alcoforado, (1959); Portugueses e Negritude, (1970); Mouzinho de Albuquerque: O Homem e o Mito, (1980).
O seu nome faz parte da Toponímia de: Seixal (Freguesia de Amora – Rua Maria da Graça Freire).
Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 95).
Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. IV, Publicações Europa América)
Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 234 e 235).
Fonte: “FEMINAE – Dicionário Contemporâneo”, (Direcção de João Esteves e de Zília Osório deCastro; Coordenação de Ilda Soares de Abreu e de Maria Emília Stone, Editado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Edição de 2013, Pág. 569, 570 e 571)
Fonte: Ruas com história
MMSARD